sábado, 30 de outubro de 2010

Cântico IV

Tu tens medo:
acabar.
Não vês que acabas todo dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.

No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo. 
Que morrerás por idades imensas.
Até teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Cecília Meireles 
Sonhar é acreditar que se tem poder para construir alguma coisa diferente. O sonho pode até ser uma utopia a respeito de um lugar que não existe. Mesmo assim ele cumpre importante papel de movimentar o presente em busca de um futuro melhor. Sem os sonhadores o mundo pára. Quantos existiram que, mal-interpretados, só foram valorizados depois de mortos. Sonharam com uma humanidade melhor e foram acusados de pervertidos; sonharam com uma  ciência que pudesse melhorar a vida das pessoas e foram acusados de feiticeiros; sonharam com uma civilização de amor e foram acusados ingênuos; sonharam com a simplicidade e foram acusados de superficiais. 

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

             Já tentou se ver de outra forma ?


ser diferente não dói tanto, 

"O verbo dividir tem proximidade de sentido com o verbo compartilhar. Dividir o conhecimento, o pão, a dor, a alegria. É da natureza do ser humano viver em sociedade. É no grupo que nos desenvolvemos, porque quem convive, divide. É gentil permitir que o outro também faça, como é gentil não permitir que o outro faça tudo. Trata-se de perceber no que o outro pode colaborar. Trata-se de estar pronto para interceder, apoiar." 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010


Viver de projeção é transformar a vida em um inferno. Quem espera reconhecimento o tempo todo, quem espera que o outro elogie, agradeça, homenageie, quem faz algum gesto aparentemente generoso, buscando o aplauso, não faz nada para ninguém nem para si mesmo, a não ser buscar sofrimento.


Gabriel Chalita
Desde o princípio, a escolha sempre foi sua.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Libertação




... até que um dia, por astúcia ou acaso, depois de quase todos os enganos, ele descobriu a porta do Labirinto.
... Nada de ir tateando os muros como um cego.
Nada de muros.
Seus passos tinham - enfim! - a liberdade de traçar seus próprios labirintos.

Mario Quintana

Entre mim e a Humanidade


Não sei que instinto prevalece sobre mim quando encontro-me em estado monstruoso. Não digo de monstro com patas enormes e garras afiadas, mas de um monstro mental, que devora felicidade e destrói boas emoções. Por isso que sempre busco me afastar de pessoas, e até mesmo de animais. Não sei que diferença isso fará ou se realmente fará uma diferença, mas a satisfação de não estar ferindo alguém, de não magoar pessoas, nesse momento prevalece e por alguns instantes me alegro, mas a maior batalha é o que esse lobo fará quando as pessoas se aproximarem dele, sem que ele saiba, para apenas observar o local ou até mesmo a fera. Nesse momento que enlouqueço, não sei minha atitude ou minha palavra, não sei se vou falar com ela, a vítima, e magoá-la ou se ignoro e acabo magoando-a da mesma forma. O maior problema é que esse destruidor ainda não encontrou uma caverna em que haja uma pedra para arrastá-la até a porta e se manter longe de todos para sempre, e nem um método de avisar que há uma fera a solta pela cidade e pelo mundo. Mas enquanto não encontro um ponto de equilíbrio, ou uma fera maior para devorar-me ou até mesmo a caverna, minha utopia, vivo em um mundo de alimentações nostálgicas de destruições antepassadas e a espera, com fé,  de uma força Divina que me transforme em domesticável e dócil.